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  • Foto do escritorMAX FERCONDINI

Diário de Bordo - 10


Conferindo as velas no meio do Atlântico

Diário de Bordo - Dia 10

(04/12/2018)


Posição: 18 29 N 033 46 W

Milhas navegadas: 125 nm

Milhas para chegar: 1586 nm

Velocidade média para o destino: 5.6 nós


Eu estava dormindo na cabine de proa quando ouvi uma voz feminina chamar pelo nosso barco no canal 72, destinado para a comunicação das embarcações que estavam participando da ARC. Logo em seguida, por volta de 3h20 da manhã, escutei o motor ser ligado e fui ver o que estava acontecendo. Alexandre me contou que havia uma embarcação em rota convergente com a nossa e que a tripulação do outro barco nos questionava quais eram as nossas intenções. Para evitar um acidente, Alexandre ligou o motor e deu uma adiantada no seguimento do nosso veleiro. O motor só seria desligado depois de 7h de navegação assistida, pois também era necessário carregar as baterias.

Mirella e eu levantamos quase ao mesmo tempo, pois queríamos assistir ao nascer do sol. Fomos ao encontro do Alexandre que tinha estendido seu turno, pois não cansava de curtir a aventura que estava realizando.


Desci para a cozinha e preparei um café para nós, com torradas com manteiga e com direito à repeteco do bolo do aniversariante do dia anterior. Acabamos com a travessa.

Apesar de ter passado a noite em claro, Alexandre nem pensava em ir descansar. Estava mesmo disposto a fazer mais coisas, antes de ir dormir. Às 10h da manhã, enquanto eu baixava os e-mails com as previsões meteorológicas para os próximos dias, Alexandre e Mirella foram até a proa do barco para mudar um dos painéis solares de posição. Como havíamos desligado o motor, precisaríamos ter outra fonte de energia trabalhando em pleno funcionamento para suprir a necessidade de eletricidade do piloto automático, do plotter e da nossa geladeira. Eles terminaram de instalar o painel na popa e fomos ler o que a previsão do tempo sugeria de alteração na nossa navegação.


Às 12h, em ponto, um peixe fisgou a isca e Alexandre trouxe o bicho para dentro do barco. Era um lindo dourado, meio azulado. Percebemos que havia ovas na barrida dela.

Alexandre limpou o peixe. Reparei que ele estava meio sem paciência para fazer o trabalho, muito provavelmente porque estava cansado e não tinha parado para descansar desde a noite anterior.


Resolvi fazer iscas de peixe frito empanado com farinha e só um arroz simples para acompanhar. O mar começou a apertar e o ânimo de todos ficou mais à flor da pele, pois estávamos com fome e cansados com tantas ondas molestando no barco.


Pedi à Mirella que buscasse água salgada para o arroz. Perdemos essa porção de arroz, pois, quando eu provei, estava muito salgado. Descobri que tínhamos que usar menos água do mar e mais água doce para fazer arroz. Os peixes já estavam fritos e eu resolvi fazer outra panela de arroz. Enquanto isso joguei um limão no peixe empanado para já ir dando um sabor. Quando o arroz ficou pronto, nos deliciamos com o sabor do dourado pescado e servido quase que na mesma hora.

Peixe frito com arroz de canela

Após o almoço, Mirella e eu recomendamos que Alexandre fosse dormir, pois o (mau) humor dele poderia influenciar a disposição de todos no barco. Alexandre entendeu a responsabilidade de estar descansado para não deixar ninguém na mão e foi se deitar. O clima continuou bom entre todos.


O barco continuava a mexer demais com as ondas, então eu fui ao cockpit e assumi o leme às 14h. Mirella estava com sono, mas me fez companhia durante o turno do dia.

Às 18h pedi a ela que chamasse o Alexandre, pois estávamos em condição ideal para mudar uma vez mais as velas e seguir um curso mais alinhado com o nosso destino no Caribe. Iniciamos a manobra que foi feita com perfeição. Só nos esquecemos de recolher a linha da vara de pesca que acabou enrolando no hélice. Por sorte, não chegou a travar, mas perdemos uns 50 metros da linha que ficou toda inutilizável. Às 20h da noite, preenchemos o logbook e recalculamos nosso estimado para Saint Lucia. Reparamos que o medidor de velocidade do barco sobre a água voltou a funcionar. Provavelmente, porque a linha de pesca passou pelo sensor em baixo do barco e destravou o que estava bloqueando o movimento do equipamento. Chegamos à conclusão de que há males que vem para o bem.


Fui me deitar às 21h, pois esta noite o turno ficaria sob a minha responsabilidade. Alexandre fez um penne à carbonara e ficou de me chamar por volta de meia noite. Levantei às 12:10 e fui ao cockpit. Antes de assumir o turno jantei a massa que eles fizeram. Alexandre me passou as informações necessárias de como tinha sido a velejada até então e foi se juntar a Mirella que já estava dormindo. Peguei minha roupa de chuva, pois a noite estava nublada e alguns pingos já indicavam que ia chover. Assumi o turno à 1h da manhã. À 1h20 cruzamos com a proa de dois tráfegos que estavam à bombordo. Provavelmente outros dois veleiros da ARC.

No meio do Atlântico...

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